Quando avaliamos o trabalho de arquitetos e outros designers, frequentemente tratamos ele como se o projeto fosse criado no vácuo. É fácil esquecer que a grande maioria dos projetos emerge da colaboração entre o projetista e seu cliente, e quando se trata do sucesso do projeto, a influência do cliente pode ser, por vezes, tão importante quanto o trabalho do projetista. Essa relação criativa pode ser difícil, mas é geralmente norteada por um documento - as diretrizes de projeto.
Lançado recentemente, este documentário de meia hora dirigido por Tom Bassett e intitulado "Briefly" se detém no que significa esse documento que norteia o projeto, com os arquitetos Frank Gehry e David Rockwell, o designer industrial Yves Béhar, o ilustrador Maira Kalman, o executivo de marketing John C Jay e o diretor criativo John Boiler comentando sobre suas experiências e contando histórias onde, para bem ou para mal, esse documento teve um grande efeito no resultado final.
Mais informações sobre o documentário, a seguir.
Os seis designers foram especialmente escolhidos pela experiência em seus respectivos campos de atuação, tendo "consistentemente criado obras excepcionais ao longo de um grande período."
Ao longo do filme uma coisa se torna muito clara: para os seis profissionais as diretrizes do projeto devem ser breves. "Quanto mais conciso e definido o ponto de vista e o problema forem, melhor será o resultado", diz John C Jay.
Ao invés da rigidez de extensas diretrizes, todos os designers retratados no documentário preferem a flexibilidade. Por exemplo, Boiler diz que "É um grande ponto de partida, e depois disso as diretrizes continuam mudando." Essa flexibilidade é possível através do envolvimento com os clientes em conversas sobre objetivos, chegando ao cerne do que eles esperam alcançar com o projeto.
Bassett acredita que esse foco nas relações tem a ver com o modo como pensam os designers, já que conversas com os clientes alimentam a curiosidade deles, ao passo que restrições não apresentam contrapartidas positivas. "Ao dizer a eles o que e como, suas ferramentas criativas são tiradas de jogo", diz o diretor. "Mas quando você lhes diz por quê, eles podem usar todas as ferramentas ao seu dispor."
O fato de que seis diferentes designers que atuam em campos tão distintos terem a mesma abordagem em relação às diretrizes de projeto revela algo significativo para a evolução das disciplinas criativas. Bassett diz que nos últimos anos "as paredes que separavam os campos criativos uns dos outros começaram a ruir", com designers assumindo projetos em variadas escalas e mídias. Isso é mais claro na geração mais jovem de designers multidisciplinares como Yves Béhar, no entanto, Frank Gehry - com 85 anos - mostra-nos que essa abordagem interdisciplinar sempre foi característica das vanguardas.
Em última instância, Briefly não trata de diretrizes criativas, mesmo que o documentário traga lições importantes aos clientes que forem elaborar esses documentos. O filme trata, por outro lado, das qualidades dos grandes designers; personalidade curiosa e experiência em múltiplos campos são as novas regras. E o trabalho do designer é usar essas qualidades para fazer os outros enxergarem o mundo do mesmo modo - como diz Marua Kalman, "se permitir ter consciência do que é maravilhoso", e ensinar os outros a fazer o mesmo.